quinta-feira, 23 de abril de 2015

PROJETO MAPEAMENTO LINGUÍSTICO

E.E.M VEREADORA EDIMAR MARTINS DA CUNHA 
CAIO PRADO ITAPIÚNA – CEARÁ

PROJETO: Mapeamento linguístico



TEMA: Língua e Identidade

IDENTIFICAÇÃO

ORGANIZAÇÃO: PROF. EDSON
 LOCAL: E.E.M. VEREADORA EDIMAR MARTINS DA CUNHA - CAIO PRADO, ITAPIÚNA-CEARÁ
·         PÚBLICO ALVO: ALUNOS DO 1º ANO ‘’B’’
·         TEMALÍNGUA E IDENTIDADE
·         AUTORES: PROFESSORES DE LINGUAGENS E CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
·         DURAÇÃO: DOIS MESES


·      APOIO: NÚCLEO GESTOR




JUSTIFICATIVA
     A linguagem começa com um sopro. O ar que vem dos pulmões é modelado por inúmeras possibilidades de abertura da boca e movimento dos lábios e da língua. Sobe, desce, entorta, recolhe. A cada mexida são formadas vogais, consoantes, sílabas, palavras. Se você tivesse nascido e crescido isolado de outros seres humanos, provavelmente emitiria apenas gemidos. Apesar de ninguém saber exatamente quando surgiram os idiomas, há algumas certezas: a língua é viva, acompanha um povo ao longo dos tempos, expressando uma maneira de organizar o mundo em nomes e estruturas lingüísticas, mudando e reinventando-se com as pessoas.

     Assim, o presente projeto vem colaborar no sentido de fazer o aluno refletir sobre as transformações em relação à língua que acontecem nas ruas e nos prédios de grandes instituições, na linguagem dos sermões, das palestras, dos discursos de políticos e advogados (com seus vocabulários tão particulares) e, principalmente no seu próprio contexto, bem como na escrita, seja aquela feita com a ponta do lápis ou no computador.




                                                  

  APRESENTAÇÃO                  
 A fala e a escrita
             
              A EEM Vereadora Edimar Martins da Cunha vem por meio do projeto ‘’ Mapeamento Linguístico:Língua e Identidade’’, por em prática uma reflexão a respeito dos vários usos da língua, ou seja, perceber esta como uma forma de identidade grupal. Mas não é só isso. Além da nossa identidade social, a língua revela também muito do que somos individualmente, isto é, agressividade, afetividade, formalidade, gentileza, educação etc. Nesse sentido, é relevante uma observação atenta para o que diz muitos pesquisadores sobre esse trabalho de constante mudança da língua.  
             Geralmente, a maneira de falar se renova mais rápido do que o modo como se escreve, já que este requer a padronização para ser compreendido por mais gente durante mais tempo. Para Alice Saboia, professora de pós-graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a mesma diz que “isso se dá porque a oralidade precede a escrita e é muito mais utilizada’’. Daí, portanto, a importância de uma pesquisa com essas características, isto é, conduzir o aluno a discernir o que muda mais rápido se é a escrita ou a própria oralidade.


             Realizar esta tarefa/pesquisa pode também colaborar para uma análise voltada para o uso/desuso de alguns temos, ou seja, ver o que resisti no tempo, às mudanças sofridas pela dinamicidade da língua. A esse respeito diz Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos maiores gramáticos do país “De todos os jeitos de se expressar oralmente e de registrar os termos que ‘pipocam’ diariamente, só alguns são incorporados aos dicionários e se tornam eternos (enquanto durarem)’’. Ou seja, para este, um vocábulo entra no dicionário quando é usado amplamente e quando escritores ou certos profissionais sentem a necessidade de incluí-lo.

   Por um lado è incontestável, nesse sentido, a riqueza de palavras, de expressões que as pessoas das mais remotas localidades têm a oferecer, principalmente se considerarmos as mais idosas. Mapeamento lingüístico significa justamente esse olhar: o de colher e (re) pensar enquanto escola/sujeitos desse processo sobre o significado dessas expressões nos dias atuais. 

            Por outro, possibilita o (re) conhecimento da realidade lingüística de moradores, pessoas que carregam histórias e com estas muitas situações que ficam muito mais ricas com as variedades lingüísticas que cercam estas. Mario Perine, no livro A Língua do Brasil Amanhã e Outros Mistérios, afirma ‘’a língua faz um recorte do real e define, em palavras, os contornos do que vemos’’. 



           Por que muda?
       O projeto Mapeamento Linguístico está ligado às mudanças sofridas pela língua, suas necessidades para esse processo. O que motiva uma língua passar por estas metamorfoses? São justas, para a compreensão dos “novos usuários’’? São indagações que merecem uma explicação – compreender essas mudanças não é tarefa fácil – apontar motivos para tais fatos etc.


         Um dos grandes estudiosos desse processo, Marcos Bagno aponta os diferentes agentes de mudança. Segundo o mesmo “Um deles é o cognitivo, que diz respeito ao modo como se processa a linguagem no cérebro. Ao usar a analogia, altera-se uma palavra para adaptá-la a um modelo preexistente (por exemplo: friorento tem "or" por analogia com calorento). Na metaforização, há a transposição de sentido. E conclui com outro exemplo mais claro ‘’Depois de um dia de trabalho, quando um falante diz "estou quebrado!", ele não quer dizer que está em vários pedacinhos’’. Portanto, para que possamos acompanhar esse processo frenético da língua, precisamos recorrer, através da fala a vários conhecimentos mentais, sejam eles de forma inconsciente ou simplesmente intuitivos. Ocorre aí um exemplo de derivação do sentido ‘’migração’’ de sentido original, se assim pode – se chamar. 

             A esses processos se juntam os fenômenos de ordem social e cultural. Modificam-se as formas de viver, as manifestações culturais e as organizações política e econômica da sociedade. Além disso, os povos se deslocam, se influenciam e se distanciam em vários aspectos. É quase que humanamente impossível não acompanhar as mudanças ocorridas pela língua no decorrer dos anos. Por exemplo, imaginemos a seguinte situação: um de nossos alunos, nasceu e cresceu em um contexto totalmente “estático’’ em relação às mudanças sofridas pela língua. Será que esse aluno irá sentir alguma dificuldade na compreensão de novos termos que surgiram na própria comunidade ou mesmo na escola? Isso é óbvio. Ataliba Teixeira de Castilho, lingüista da Universidade de São Paulo (USP) e um dos consultores na criação do Museu de Língua Portuguesa, em São Paulo, sobre essas transformações, afirma categoricamente "A maneira como falamos hoje é muito mais próxima da falada no século 15 pelos portugueses do que a utilizada hoje em Portugal". O mesmo finaliza, "Era uma linguagem assisada, como se dizia ajuizada’ na época, de fala devagar. Atualmente os portugueses mal pronunciam as vogais átonas." 



Diferenças no espaço

     Levando em consideração o fato de que a maioria dos alunos da EEM Vereadora Edimar Martins da Cunha vêm de famílias humildes, onde a maioria não teve a oportunidade de estudar, é comum ouvir palavras que as variedades linguísticas são usadas constantemente.

  São vários exemplos claros dessa variação/construções que, muitas vezes, se consideram erradas e caipiras, mas são exemplos da linguagem mais "correta" do passado. Novamente Castilho diz que  “construções recentemente ouvidas em Cuiabá, como "filho meu não casa", eram utilizadas pelos colonizadores. E o pesquisador conclui ‘’ E quando alguém diz "frecha" e "ingrês" (no lugar de flecha e inglês), acredite, está roçando na língua de Camões! ‘’

     Ouvir algo que soa estranho é comum em um país com tantas diferenças. Ao falar sobre transformações na linguagem, Maria José de Nóbrega, formadora de professores e elaboradora dos Parâmetros Curriculares Nacionais de 5a a 8a série, resume: "As línguas não mudam apenas no tempo, mas também variam no espaço". Ao estudar variações de origem socioeconômica, gênero, faixa etária, nível de escolaridade e região, é possível perceber esse dinamismo.
      A realização do projeto deve possibilitar aos alunos uma reflexão sobre essas construções e suas influências, além de ver a linguagem não como um elemento que pode provocar preconceito e, sim, como uma riqueza de significados, de diferentes contextos, espaços etc.

     Assim, cada grupo social é capaz de modificar o falar e o escrever, mas em geral, a população mais jovem é disparadora das mudanças. Basta observarmos, por exemplo, a linguagem usada pelos adolescentes nas redes sociais. Por vezes, entende – se que são maneiras de tratar a língua com um’’ desrespeito’’. Diante desse fato, o Professor de 8ª série da Escola Internacional de Alphaville, em Barueri, na Grande São Paulo, José Eduardo Sena se surpreende com as gírias que os alunos trazem do universo da informática: "Na sala de aula, temos o privilégio de ouvir inovações linguísticas em primeira mão". 

Na cabeça dos jovens

     Como foi mencionado a pouco, esse dinamismo está na escrita cifrada usada na internet, que pode (e deve) ser discutida em sala de aula e usada em proveito da aprendizagem. O uso criativo da linguagem da comunicação via computador é uma novidade. Abreviações eram feitas desde a época do latim, mas nunca houve nada com a inventividade do internetês."Trata-se de uma escrita praticamente instantânea, algo inédito", comenta Ataliba de Castilho, da USP. Portanto, os maiores agentes dessa linguagem instantânea, sem dúvida são os jovens. São eles que estão acompanhando e praticando essas constantes mudanças.

     Portanto, os especialistas acreditam que não há problema em discutir o uso desses termos na escola desde que os estudantes reflitam sobre eles e saibam que o local para praticar a nova criação é exclusivamente na internet. Mas também pensar a língua como um fenômeno de identificação cultural e cheia de mudanças, seja no espaço como no tempo.  Assim, estamos abertos às inovações trazidas pelos estudantes sem considerar a escrita errada nem alimentar preconceitos linguísticos.




               OBJETIVO GERAL
* Compreender as mudanças na fala e na escrita, ocorridas naturalmente ou por causa de leis;
* Compreender a língua como conjunto de variedades que refletem e participam na construção da identidade dos grupos sociais;                                                                         
            OBJETIVOS ESPECÍFICOS

·         Apropriar – se dos conceitos de variação linguística e variedade linguística;
·         Reconhecer, em diferentes produções textuais, marcas da variação histórica, regional, social e situacional;
·         Apropriar – se dos conceitos de ”erros” linguísticos e de adequação linguística, sabendo diferenciá–los;

·         Reconhecer as variedades linguísticas mais adequadas a diferentes contextos de uso.


METODOLOGIAS

          As propostas metodológicas do projeto serão desenvolvidas durante o período de dois meses nas aulas de Língua Portuguesa (nas sextas – feiras/ 1h/a) e envolverão as seguintes atividades:
        O primeiro passo será apresentar o que os alunos irão fazer, ou seja, a partir de entrevistas com moradores, que serão transcritas e analisadas e, por fim, um grande painel linguístico da comunidade será produzido.
          O segundo passo será a divisão das equipes e definir a área de abrangência do mapeamento, isto é, serão formados grupos de trabalho com cinco membros. Cada um realizará a pesquisa em uma pequena área, entrevistando pessoas de pelo menos cinco moradias diferentes.
         Em seguida, é a vez da preparação do roteiro de pesquisa. Serão formuladas perguntas que nortearam todo o processo desse projeto. No caso da variação linguística, alguns dados serão indispensáveis, como por exemplo: a idade e a região – aqui entendida como a sua localidade – de origem. O roteiro será disponibilizado aos alunos.
        Chegada à hora da entrevista, os alunos podem optar por gravar em áudio ou mesmo em vídeo, o que não dispensa o uso de um caderno de anotações. Estas serão importantes, pois através delas, tem – se impressões mais precisas no momento das análises. Se, por ventura o morador/entrevistado permitir, fotografias podem ser tiradas como forma de melhor registrar o trabalho.
         A transcrição das entrevistas para análise é outro ponto que merece muita atenção pelas equipes. Deve ser o mais fiel possível à realização linguística do entrevistado (pronúncia, entonação, pausas). Não se pode esquecer que os recursos da transcrição e as marcas de variação deverão ser combinados por todos do grupo para que sejam aplicados uniformemente entre os entrevistados. Serão feitas análises dos resultados: as diferenças e semelhanças encontradas nas falas; se há um padrão linguístico que se repete na pequena área investigada; esse padrão é semelhante ao que se encontra na sua escola; com os entrevistados vêm sua própria fala. Tudo deve ser anotado para em seguida serem feitas as observações, as hipóteses levantadas, as contradições etc.
          Um painel linguístico deve ser elaborado, neste conste as informações colhidas pelos alunos. Este pode ter fotografias, perfis dos entrevistados (nome, escolaridade, profissão, exemplo de fala etc). Se possível, pequenos trechos podem ser reproduzidos durante a apresentação. Uma comissão de cinco estudantes (de grupos diferentes) deve realizar um grande painel de cartolinas emendadas com uma representação da região coberta pela pesquisa, como em um mapa. Cada equipe terá um espaço no mapa para colar a sua produção.
         Um seminário será aberto à comunidade. Os entrevistados poderão ser convidados. Podem ser feitos antecipadamente convites para serem entregues em escolas vizinhas etc. No dia marcado cada grupo apresentará os resultados da pesquisa e o material será fixado no grande painel. Depois das apresentações, o material (painel) deve ser colocado em um lugar de visibilidade na escola.




RECURSOS 
·         Professores;
·         Alunos;
·         Núcleo Gestor;
·         Diversos gêneros textuais;
·         Câmara digital;
·         Aparelho de CD;
·         Data Show;
·         Televisão
·         Computadores
·         TNT – EVA – Papel Madeira – Papel ofício
·         Xerox
·         Roupa específica para eventuais apresentações;
  • Didáticos e Tecnológicos;
  • Outros


                                                                  AVALIAÇÃO

          Ao final dos trabalhos, espera – se um olhar crítico por parte dos alunos sobre as diferentes experiências no uso da língua no processo de comunicação, bem como avaliar os contextos onde esta acontece. Avaliação esta que também dar–se- a através de leituras, produções orais e escritas e elementos atitudinais.



                                     REFERÊNCIAS

PEROTTI, Edmir. Confinamento Cultural, Infância e Leitura. 2ª ed. – São Paulo: Summus, 1998.
KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2ª ed. - São Paulo: Contexto, 2006.
 ZILBERMAN, Regina. LAJOLO, Marisa. A formação da leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 1996.
GERALDI, João Wanderley. A leitura na sala de aula: as muitas faces de um leitor. Série Idéias n.5. São Paulo: FDE, 1988.
 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1982. SOARES.





  

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